Enfim...
Resolvi aparecer hoje para recomendar aos leitores uma série fantástica, magnífica, topzeira, incrível que assisti esses dias: The Boys. Rasgo tantos elogios pois, apesar de gostar bastante, não me considero um grande fã de seriados. Acho que me falta paciência, persistência, sei lá... Sempre acabo os largando pela metade e nunca mais mexendo. Breaking Bad por exemplo (que também é outra série ò 👌 melzinho na chupeta) eu amei de paixão! Mas fui incapaz de terminá-la, acabei largando no meio da última temporada... TEM LÓGICA UMA PORRA DESSAS?? NO MEIO DA FUCKING ÚLTIMA TEMPORADA! Preciso tomar vergonha na cara e um dia terminar de assistir. Mas voltando ao assunto: não me considero um grande fã de séries, de forma que quando recomendo alguma para alguém pode saber que é porque realmente mexeu comigo de alguma forma. The Boys mexeu. Farei aqui uma análise opinativa sobre esta (que até o atual momento só tem a primeira temporada) e tentarei a deixar o mais livre de spoilers possível... Mas caso você seja alguém muitississíssimo chato com spoilers, recomendo que não leia pois pode ser que eu solte algum sem querer. Vamos lá!
Uma história em quadrinhos verossímil
Parece incrível, não é mesmo?! Super-heróis! Seres humanos perfeitos, belos e morais, prontos para defender os cidadãos e o mundo de maneira segura, ética, justa e absolutamente filantrópica!
Só que não...
The Boys foca em mostrar que os supers são apenas humanos super-poderosos, ou seja: humanos. Assim como eu e você eles sentem raiva, amor, medo; tem fraquezas, emoções, desejos e no fim das contas não são tão bonzinhos quanto os desenhos, filmes e quadrinhos costumam mostrar... Acontece que apesar de serem seres humanos e ter sentimentos, ainda são super-poderosos e como bem sabemos: o poder corrompe. Corrompe pra caralho eu diria... A questão é a seguinte: Supers nesse mundo são tão poderosos e tão bem vistos pela sociedade que recebem de certa forma carta-branca para causar todo o caos e destruição que quiserem enquanto combatem o crime e ganham montanhas de dinheiro em contratos de publicidade. Caso matem alguém durante suas lutas contra a criminalidade "tudo bem", são fatalidades que ocorrem não é mesmo? Coisas da vida.
Espera aí!! Quer dizer que os super-heróis matam civis inocentes na cara dura e fica por isso mesmo???
Sim querido, inclusive isso não é de hoje: pare pra pensar em como fica Metropolis depois de uma luta do Super Homem com o Apocalypse... Quase toda destruída! Quantos civis inocentes não morreram ali durante o combate?! Enfim, não é diferente em The Boys. Porém, há ainda mais um detalhe sórdido na série: assim como existem pessoas boas, pessoas ruins e pessoas ruins que se fingem de pessoas boas, existem heróis que se encaixam nesses três perfis... Claro! Na frente das câmeras todos mantém a postura, é interessante para eles que a sociedade os veja como perfeitos, éticos e bons, mas quando as luzes se apagam... Bem, nem todos são tão bonzinhos assim. Lembra que eu falei que as vezes eles matam civis sem querer durante sua luta contra o crime? Pois é, nem sempre é sem querer e nem sempre é lutando contra o crime... As vezes acontece de não conseguirem controlar seus poderes e causarem acidentes, as vezes eles são omissos, as vezes deixam de salvar cidadãos simplesmente porque nessa determinada situação salvá-los não seria bom para sua imagem pública... e as vezes estão simplesmente entediados e querem descontar sua raiva e frustração em alguém. E o que é que acontece? Ninguém presta queixa nem nada? Não. Primeiro porque, como eu já disse, a opinião pública é totalmente favorável a eles e ademais, mesmo que prestassem quem iria ter condições de fazer alguma coisa?! São heróis, deuses, são super-poderosos e só não destroem a humanidade simplesmente porque não estão afim.
Vamos pegar como exemplo o Capitão Pátria. Capitão Pátria é um personagem baseado quase que inteiramente no Super Homem: é super forte, super veloz, voa, solta raio laser pelos olhos, lidera Os Sete, tem seu poder baseado no sol e é, basicamente, indestrutível. É o cara, o maior herói de todos! Ninguém tem poder suficiente para derrotá-lo: nenhum outro herói, nenhum governo, nenhum exército, nenhuma arma nuclear, ninguém mesmo!
Agora chega aqui comigo no canto, deixa eu te perguntar uma coisa bem baixinho: quem é que você acha que é louco de peitar esse cara? Eu mesmo respondo: ninguém. Se o maluco quisesse poderia destruir o mundo inteiro sozinho, simplesmente não dá para contrariá-lo. Capitão Pátria faz o que quer, a hora que quer e por simples dois motivos:
1) Porque ele pode
2) Porque ninguém vai impedi-lo
Conseguiu perceber o quão foda é a situação? A nós, meros mortais, resta rezar para que o que ele quer fazer esteja em sintonia com nossos interesses e integridade física.
Aaaa, mas ele é o
Então, não quero dar spoilers, mas digamos que ele não é um cara tão gente fina quanto o Clark Kent... Ainda assim, é amado por todos e a população em geral nem desconfia de sua verdadeira índole.
Mas Capitão Pátria não é o único herói e a história não é nem mesmo focada inteiramente nele. Na verdade a trama se divide em dois núcleos principais, de forma que acompanhamos a vida de Luz Estrela e Hughie. Falando um pouco dos dois, Hughie é um jovem adulto normal.. Normal até demais eu diria, sua vida chega a ser um tanto quanto entediante: tem um emprego chato e mal remunerado numa loja de equipamentos eletrônicos, uma namorada meia boca e mora com o pai, que o trata como criança. Em certo ponto da história uma tragédia acontece e isso motiva Hughie a se juntar com mais uns malucos que, assim como ele, querem se vingar dos super-heróis devido à desgraça que já trouxeram a sua vida (daí o nome The Boys). Já Luz Estrela é o codinome de Annie January, uma super-heroína que tem o poder de controlar a luz e vive com a mãe em uma cidade do interior, ouvindo rádios-patrulha policiais e combatendo pequenos crimes. Seu objetivo ao tomar conta da cidade é altruísta, mas ao mesmo tempo funciona como uma jogada de marketing para atrair a atenção da Vought e dos Sete. Em dado momento a história dos dois se cruza e se desenrola ao longo da trama.
Tá man, mas o que é a Vought? O que são Os Sete?
Vought International é uma grande empresa que gerencia super-heróis. Ela administra, cuida da parte burocrática, faz contratos de marketing, rastreia crimes por meio de uma equipe criminalista e faz acordos milionários com governos e prefeituras para oferecer os serviços de segurança privada dos heróis. Os Sete por sua vez são uma espécie de "Liga da Justiça" da Vought, um grupo de sete heróis que na teoria protegem a Terra, mas que na prática mais fazem propagandas e multiplicam os lucros da empresa do que combatem o mal.
E esses 7 heróis são os mais fortes do mundo certo?
Eeerr, mais ou menos... Claro, há o Capitão Pátria que é o mais poderoso da Terra, o Trem-Bala que é o mais rápido, mas ser o melhor não é um requisito absolutamente necessário para entrar para Os Sete e sim dar dinheiro para a Vought. Os Sete são nada mais que uma jogada publicitária, uma maneira de vender produtos! Os próprios heróis do grupo dizem em diálogos que faz muito tempo que não combatem um crime de verdade. Vale a pena falar dessa empresa e desse grupo pois é aí que se encontra a genialidade da série! The Boys é uma espécie de Watchman do século 21, focado em mostrar não apenas a humanidade que existe nos heróis, mas exibir como o sistema capitalista consegue capitalizar e fazer dinheiro com absolutamente qualquer coisa! O mais assustador é que é grandemente verossímil, não pelos heróis (claro) mas por ser possível notar com clareza as várias críticas cabulosas ao sistema, sobre como as pessoas são tratadas como produto, como os seres humanos são absolutamente descartáveis no mundo em que vivemos e como é grande a hipocrisia e a falsidade nos dias de hoje, em que mais vale parecer ser algo por trás de uma tela do que realmente ser.
Outro ponto importante de se considerar é o fato da série ser em si bem pesada, tanto no sentido de drogas e sexo quanto de gore. Lembra daquela cena clássica em que o The Flash dá a volta ao mundo para dar um soco em um bandido que cai desmaiado? Pois é... Em The Boys, se um herói velocista se choca numa pessoa em plena velocidade do som digamos que ela explode em mil pedaços, literalmente. Super-Homem usava seus olhos de raio-laser em um inimigo e ele sofria apenas com dor e queimaduras? Em The Boys ele derrete o sujeito caso faça isso. É amigo, é tenso o negócio e esse é um dos motivos de eu amar esse show!
Enfim, vale ainda acrescentar que se tratando de aspectos cinematográficos o seriado também brilha: a fotografia é ótima, a trama flui bem (sem aqueles núcleos chatos, que quase toda série tem) e os efeitos visuais são incríveis. Recomendo demais que assistam! Fazia muito, muito tempo que um programa não me prendia assim e o melhor é que dá pra maratonar tudo em uma sentada. Ótimo para quem tem pouco tempo sobrando.
Atualmente, há apenas 1 temporada de 7 ou 8 episódios de 50 minutos cada e é possível assistir pela Amazon Prime Video, serviço similar à Netflix que me surpreendeu bastante pela qualidade (tanto do Streaming quanto pela quantidade de títulos bons que se encontram disponíveis). Li em uma notícia que diz que a 2ª temporada já está em produção... Para mim que não tenho super poderes não há muito o que se fazer a não ser esperar, bem ansioso.
Esse cartaz resume bem o que a série propõe
Obs: Recentemente descobri que o seriado é baseado em uma HQ. Irei ler e em breve conto para vocês se curti!
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